«Ao contrário de Charles Anon, que é um louco furioso, Search é um deprimido calmo. É nele que melhor nos apercebemos da relação original que Pessoa estabelece entre poesia e neurose. Anon e Search estão ambos do lado do diabo, e tomam o seu partido. Mas o que é puramente negativo no autor da Excommunication torna-se uma mensagem positiva em Search. Na derrocada de todos os valores transcendentes em que acreditara na infância, ele quer restabelecer em si a humanidade. Propõe uma forma de humanismo paradoxal, baseado na experiência do nada e do mal. O seu texto mais conhecido é o seu pacto com o diabo, no qual se compromete solenemente a fazer sempre o bem...
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Este diabo é o «bom diabo», a quem Pessoa fará dizer um dia: «Não se assuste, porém, porque eu sou realmente o Diabo, e por isso não faço mal. [...] Shakespeare, que inspirei muitas vezes, fez-me justiça: disse que eu era um cavalheiro.» Mas o diabo de Pessoa tem um humor de que o de Search é ainda incapaz: Search, esse, não tem humor, tem apenas uma ironia amarga, até mesmo azeda.»
Robert Bréchon. Estranho Estrangeiro - Uma biografia de Fernando Pessoa. Lisboa: Quetzal, 1996, pp. 113-114.
Ver: http://multipessoa.net/labirinto/ocultismo/4
