Ficheiro de citações bibliográficas sobre a obra de Fernando Pessoa

Lisboa

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«A vida de Pessoa não se parece com nenhuma outra. Não houve escritor mais sedentário do que ele. Se exceptuarmos o parêntesis constituído pela sua estada em criança na África do Sul e a peregrinação da família aos Açores em 1902, não podemos deixar de nos espantar com a obstinação que a seguir demonstrou em se agarrar ao seu torrão natal.
Desde o seu regresso definitivo a Lisboa em 1905 (com dezassete anos) até à sua morte em 1935, nunca mais deixou a sua cidade ou os seus arredores imediatos (Sintra, Cascais), excepto uma vez, para uma breve viagem à província. É através dele que Lisboa entra verdadeiramente na literatura universal, tornando-se uma cidade-símbolo como a Paris de Balzac ou de Baudelaire, a Praga de Kafka, a Alexandria de Cavafy, a Dublin de Joyce. Esta cidade é antes de tudo o espaço das suas itinerâncias, porque este sedentário é um nómada. Mudou de casa pelo menos vinte vezes em quinze anos, até acabar por se fixar em 1920, com a idade de trinta e dois anos, no prédio em que vivia a família e que em 1993 passou a ser oficialmente a Casa Fernando Pessoa, que o município transformou no conservatório da sua memória e numa «Casa da Poesia» do século XX. »
Robert Bréchon. Estranho Estrangeiro - Uma biografia de Fernando Pessoa. Lisboa: Quetzal, 1996, p. 19.
* Cruzeiro Seixas. Lisbon Revisited. 1969.