Ficheiro de citações bibliográficas sobre a obra de Fernando Pessoa

Olisipo


«Apesar da falta de apoio dos seus sócios, esforça-se tanto que, no início de 1921, algumas semanas após o rompimento com Ophélia, consegue instalar na Baixa, na Rua da Assunção, os escritórios da sociedade Olisipo, «Agentes, Organizadores e Editores». Já há clientes: menciona-se, por exemplo, um negócio de venda de minérios raros; o contrato envolve um montante considerável: mas não se sabe se se fez a transacção. De qualquer modo, o que interessa mais ao novo empresário é a casa editora, para a qual tem grandes projectos: quer publicar autores portugueses contemporâneos mas também clássicos estrangeiros, a começar por aqueles de que gosta mais, Shakespeare e Poe, que tenciona ser ele próprio a traduzir. Enquanto espera, vai editar as suas próprias obras. Seria de esperar que publicasse uma recolha de poemas ortónimos, já suficientemente numerosos na época para formar um Cancioneiro, ou então revelasse ao público Caeiro e Reis, ainda inéditos. Mas não, escolhe para publicação pela «Olisipo» dois volumes de poemas ingleses, estranhamente numerados English Poems I, II (que contém a versão definitiva de Antinous e as Inscriptions ainda inéditas) e English Poems III (Epithalamium). Saem do prelo em 1921, e vão ter poucos leitores.»
Robert Bréchon. Estranho Estrangeiro - Uma biografia de Fernando Pessoa. Lisboa: Quetzal, 1996, p. 382.