Ficheiro de citações bibliográficas sobre a obra de Fernando Pessoa

Saudosismo

«De início, Pessoa mantém-se afastado desta agitação intelectual: é desconhecido, ainda não publicou nada, tem poucos amigos. Mas segue de longe o que se faz, se diz e se escreve no círculo da «Renascença Portuguesa». Imagino-o a ler poemas e artigos que aparecem em A Águia ou noutras publicações, animado daquela paixão lúcida, crítica, com que acolhe as verdades novas. O saudosismo é para ele uma descoberta e uma confirmação. Entrando no patriotismo como numa religião, adere à «Renascença» como a uma Igreja cujo dogma é uma visão escatológica da história portuguesa. Mas o saudosismo de Pascoaes reforça também o seu desejo de, através da criação poética, chegar a uma superação das suas contradições, a uma fusão do sujeito e do objecto, a uma união ardente da «alma» e do corpo, ao desenvolvimento harmonioso do ser único na diversidade e ao repouso do múltiplo na união original».
Robert Bréchon. Estranho Estrangeiro - Uma biografia de Fernando Pessoa. Lisboa: Quetzal, 1996, p. 154.