Ficheiro de citações bibliográficas sobre a obra de Fernando Pessoa

Salazarismo

«Como é que Pessoa, em 1933, terá acolhido a chegada do Estado Novo, e o que pensava ele de Salazar? É uma questão controversa. Ángel Crespo é categórico: desde o princípio que Pessoa recusou a ditadura. «O velho liberal que havia nele» não podia suportar a opressão. Exprimiu a sua oposição, de início em segredo, nas notas que redigia para si mesmo, e depois com os seus amigos, nas cartas e nas conversas, e finalmente em público. Alfredo Margarido é igualmente formal: Pessoa foi, desde o início, um partidário convicto da ditadura salazarista, cujos valores coincidiam com os que ele exaltara toda a sua vida, desde o ensaio sobre Carlyle ao poema a Sidónio Pais; segundo ele, só no início de 1935 (a partir do mês de Fevereiro) é que rompeu com o salazarismo e se tornou opositor do regime; os anos 1933-1934 são, pois, um período de colaboração com o poder.»
Robert Bréchon. Estranho Estrangeiro - Uma biografia de Fernando Pessoa. Lisboa: Quetzal, 1996, p. 535.