Ficheiro de citações bibliográficas sobre a obra de Fernando Pessoa

Infância

«Resulta, afinal, supérfluo discutir se a infância de que se sente exilado foi realmente feliz ou não. O que importa para o caso é que muito cedo na vida se sentiu expulso desse éden, náufrago aportado a uma ilha deserta, como o Marinheiro da peça do mesmo nome. Não custa imaginar que a ida para a África do Sul, aos sete anos, motivada pelo casamento da mãe que aí foi viver com o novo marido e os sucessivos filhos, o que o fez com certeza sentir-se excluído desse colo, corresponda a esse «exílio» de que sofre falar ao longo da obra-vida («Ao meu exílio que sou eu mesmo», dizia a Ophélia, na primeira carta da segunda fase do namoro. «O nosso exílio», escreve na carta ao poeta que acabámos de referir). E então «pôs-se a fazer ter sido sua uma outra pátria» - como o Marinheiro. E povoou essa pátria inventada com os companheiros de infância que «ia tendo tido».»
Teresa Rita Lopes. Pessoa por Conhecer - Roteiro para uma expedição. Lisboa: Estampa, 1990, p. 52.

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