Ficheiro de citações bibliográficas sobre a obra de Fernando Pessoa

Geração

«Pessoa apreciou, ao que parece, antes o patriota Camões do que o artista «italianizante». É numa atitude de protesto - típica de cada nova geração à procura da sua missão - que o jovem doutrinador do Sensacionismo se dirige contra Camões e «a sensaboria maçadora do passado». Até que ponto se terá realizado a ousada profecia de um «Século de Ouro» para a literatura portuguesa, que acompanhara esse protesto? Pergunta, no fundo, inútil, pois sem o entusiasmo desbordante da geração de 1914 não teríamos hoje as obras de Fernando Pessoa, representando «toda uma literatura», nem aquelas de Sá-Carneiro e dos seus companheiros de talento. Salientemos, por isso, o ponto de partida daquela geração magnífica, condensado neste apontamento sobre o Sensacionismo: «Somos portugueses, escrevendo para a Europa, para toda a civilização. O que estamos a fazer um dia tornar-se-á conhecido e universalmente apreciado». Assim veio a ser, de facto; o número de traduções e estudos em todas as línguas cultas prova-o suficientemente.»
Georg Rudolf Lind. Prefácio a Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação de Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1966, p. XIII