Ficheiro de citações bibliográficas sobre a obra de Fernando Pessoa

Campos vs Pessoa

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«Campos disserta de vez em quando em prosa, chegando a criticar e refutar opiniões de Pessoa ortónimo. No entanto, contrariamente ao plano de simulação, Campos e Pessoa estão por vezes de acordo: pensam ambos, por exemplo, que a metafísica é a pseudociência de se figurar mundos impossíveis (discussão de Athena); Campos assevera que nada se prova, que todo o pensamento enche eternamente um tonel eternamente vazio (carta à Contemporânea de 17 de Outubro de 1922), o que Pessoa confirma, em seu próprio nome, nas «Palavras de Crítica a Entrevistas» a respeito de Cabral Metello, em 1923: «Teve razão porque a não teve. (Campos escrevera: «Diga ao Fernando Pessoa que não tenha razão.») Interpretar é não saber explicar. Explicar é não ter compreendido.» Ambos aprenderam a lição de Caeiro...
No íntimo, a divergência é mais temperamental, e daí estilística, do que de opiniões ou preocupações. É palpável sobretudo na poesia. [...]»

Jacinto do Prado Coelho. Diversidade e Unidade em Fernando Pessoa. Lisboa: Verbo, 1973, p. 71
* Manuela Pinheiro, "Fernando Pessoa duplo", 1994.