«Com o seu cunhado Francisco Caetano Dias funda uma Revista de Comércio e Contabilidade, cujo primeiro número aparece em Janeiro de 1926. Dias era um especialista reconhecido e publicara algumas obras de técnica comercial. Era um profissional. Pessoa teve uma formação comercial em Durban na sua adolescência e prática da correspondência comercial durante cerca de vinte anos; contudo, continua a ser um amador. Isso dá-lhe uma liberdade de atitudes de que o cunhado é incapaz, pois não tem nada de fantasista. Mesmo quando finge tratar de forma rebarbativa questões entediantes, Pessoa denuncia a sua originalidade fundamental através de ditos de espírito ou efeitos de estilo. Comparámos os seus escritos sobre comércio com os de Mallarmé sobre moda: ambos têm o dom de troçar imperturbavelmente do mundo.»
Robert Bréchon.
Estranho Estrangeiro - Uma biografia de Fernando Pessoa. Lisboa: Quetzal, 1996, p. 421.
