Ficheiro de citações bibliográficas sobre a obra de Fernando Pessoa

Crowley

«Numa vida tão pobre em acontecimentos exteriores, o encontro com Crowley é uma autêntica dádiva para os biógrafos. Este Aleister Crowley é um dos homens mais extraordinários do século XX. O poeta de Fausto, o cantor do «Super-Homem» (no seu Ultimatum), o narrador da Hora do Diabo, pode ter-se sentido tentado a ver nele o seu semelhante e, ao mesmo tempo, o seu contrário. Terá reconhecido nele, como que num espelho mágico, a sua própria face luciferina (ou satânica?; aí é que está a questão), ora assumida, ora negada.
Edward Alexander Crowley (1875-1947), a quem chamavam Allick em pequeno, adoptou o nome de Aleister aos vinte anos, no momento em que escolheu a liberdade total, tornando sua a divisa de «São Rabelais», como lhe chamará mais tarde numa conferência que ficou célebre: «A única lei é: Faz o que quiseres. Porque cada homem é uma estrela. Mas a maioria não o sabe. Até os ateus mais empedernidos são bastardos do cristianismo. O único que ousou dizer Eu sou Deus morreu louco, embalado pela sua querida mãe de crucifixo em punho. Chamava-se Friedrich Nietzsche. Os outros, os humanóides do nosso século XX, substituíram Jesus Cristo por Mammon, e as festas pelas guerras mundiais[...]. Após o reinado do humano, demasiado humano, a ditadura do infra-humano...»»
Robert Bréchon. Estranho Estrangeiro - Uma biografia de Fernando Pessoa. Lisboa: Quetzal, 1996, pp. 482-483.

Ver: http://multipessoa.net/labirinto/vida-e-obra/30