Ficheiro de citações bibliográficas sobre a obra de Fernando Pessoa

Caeiro


«Caeiro surge, pois, como lírico espontâneo, instintivo, inculto (não foi além da instrução primária, informa Campos), impessoal e forte como a voz da Terra, de candura, lhaneza, placidez ideais. [...]
O certo, porém, é que é autor de poemas; e começa aqui o paradoxo da sua poesia. Às palavras procura transmitir Caeiro a inocência, a nudez da sua visão. Daí, algumas vezes, a simplicidade quase infantil do estilo [...].
Mas o estilo de Caeiro, pobre de vocabulário, predominantemente abstracto, incolor, discursivo, de modo algum se prestava à descrição pictórica impressionista fiel à individualidade das coisas. Em Caeiro, o pensador, o "raciocinador", suplanta o poeta; eis o que se induz do próprio estilo. [...] Em regra, ouvimo-lo argumentar, criticando, não transmitindo sensações mas discorrendo sobre sensações.»
Jacinto do Prado Coelho. Diversidade e Unidade em Fernando Pessoa. Lisboa: Verbo, 1973, p. 22-25

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